domingo, 22 de maio de 2011

Escolhida


                 
Abri o jornal pelo contrário, como faço todos os dias em que ele se encontra sobre o sofá, ou a mesa, porque eu sempre acabo acordando mais tarde, e lendo depois dos outros. Não que isso me incomode - só não tem o mesmo gosto de presente, o papel não está mais lisinho e bem prensado, e ainda, para meu caos, dividem os cadernos. Tem vezes, que não me encontro. Mas quando li ontem, o jornal do dia anterior (sim, tédio), uma frase mexeu aqui dentro. Inquietiou, e fez a manhã mais pensativa, estranha. Eurípides disse "Todo homem é como os companheiros que escolhe ter"; Amizade, ou amor, não me enquadro em tal teoria. Me senti sozinha numa multidão feliz e completa, pela milésima vez. Nunca ninguém me escolheu. Desdenharam quase sempre meus olhos assim pequenos e um pouco puxados, não chineses ou japas, em troca de uns olhos grande, ou cílios curvados e protuberantes. Minhas medidas voluptuosas sempre foram cheias de segundas intenções, nunca encaradas com seriedade. Não quiseram nem o meu jeito romântico-errante, exagerado e inconseqüente. Simplesmente, todos fingem ignorar o meu orgulho na excentricidade, e titubeiam em me escolher. Fiquei o dia inteiro com a dúvida indulgente e pesada na minha consciência, de se eu era tão estranha, tão inadaptável assim, ao chegar ao ponto alto da solidão. Acho a maioria das pessoas que já se aproximaram do meu complicado e conflituoso círculo emocional, tão diferentes de mim. Teve gente sem personalidade. Um pessoal muito frio e racional. E uma galera tão mais estável, ou instável, séria demais ou infantil que eu. Talvez por isso que o bando heterogêneo que eu ainda habitava aqui dentro, indivíduos tão complexos, todos com suas feridas, e traumas, e completamente distintos uns dos outros, tenham todos se esvaído e abandonado o barco. Assim, ao longo do percurso. Mergulhar assim, do rio profundo que eu fazia da minha vida, e do barco alto que protegia meus escolhidos, e queridos. Não, não gosto de deixar as pessoas. É caro para a alma, tira a paz de espírito, e mais: demoro a selecionar meus preferidos, porém, quando acolhidos, são meus.
Me relacionei com opções de sexo contrárias às minhas, de times opostos na rivalidade gre-nal, de cabelos, e cores tão contrárias. Opiniões, o que mais me afasta dessas tribos todas, também. E quase sempre tentei aprender com tais experiências. Vi nisso um desafio extraordinário para o meu aprendizado. Sua amiga está cansada das suas lamentações? Recorra ao seu amigo gay. Se a sua mãe não te agüenta mais, vá para a casa do seu melhor amigo. Ou namorado, se assim tiver e for então, escolhida.
Penso que as diferenças, somam. Que estar próximo a alguém tão parecido, e tão igual, tendo as mesmas dúvidas e complexidades, uns questionamentos parecidos, gostar das mesmas bandas, cores, e programas, não engrandece em nada, e não faz progredir. Ver outros lados desse poliedro complexo, chamado dia-a-dia, vitta, de uma maneira inovadora. Ou apenas, não me conformo de não ser nunca anunciada, ou reconhecida, nesse planeta gigante e azul, denso. Conhecer tanta gente, e nenhum encanto. Uma luz no caminho. Não no fim, porque falta muito para a velhice. Uns raios temporários, que me venham ainda, ou por vezes, esporadicamente, mas que ocorram. Pessoas complexas, mas diferentes de mim. Eu gosto, e aprendo. Gosto de ver pessoas tão calculistas, ou exaltivas, cansativas. Ver seus comportamentos, analisar cada minúcia, trajetos e suas escolhas. Ou rir, demais, de tudo. Se divertir. Nessa diversidade extensa que agora é o mundo, nada melhor do que fazer parte da mistura miscigenada de cores, sons, vozes e aparências que hoje existem! E aprender: com tanta diferença, com muito amor. Escolho e ainda continuo escolhendo o que me brilha, o que me colore e ilumina. Aquilo que acende alguma luz interna, diferente da minha, que às vezes brilha de tão cega, forte. Ou apaga, sem razão alguma. Porque razão, comigo não funciona. Coração toma a frente dianteira, e age antes, age sempre.

Rotina. 


  

 

•  Cama, lençóis, cobertor, pijama. Despertador. Chinelo. Banheiro, água, pasta dental, espelho. Mesa, copo, garrafa, café. Televisão, cama. Computador, orkut, msn, twitter, blog, formspring. Relógio. Televisão, cama. Banheiro, água, sabonete. Calça, blusa, tênis, espelho. Mesa, cadeira, pratos, talheres. Relógio. Ruas, pessoas, casas, lojas. Tapete, balcão, cadeiras, armário, roupas, peças, tênis, bonés, caxetas, cortinas, quadros, luzes, dinheiro. Namorado, catchup, maionese, saquinho, coca-cola, milk shake. Relógio. Namorado, moto, ruas, pessoas, casas, lojas. Banheiro, água, sabonete. Calça, uniforme, tênis, espelho. Cadernos, mochila. Namorado, amigos, carro. Caderneta, cadeiras, carteiras, quadro, cadernos, caneta. Amigos, fofocas. Relógio, remédio. Caderneta, namorado, amigos carro. Namorado. Mesa, cadeiras, pratos, talheres. Banheiro, água, pasta dental. Computador, orkut, msn, twitter, blog, formspring. Pijama, cama, lençóis, cobertor.                                  

sábado, 21 de maio de 2011

Não pare.






Não pare de acreditar. Não pare de viver. Não pare de olhar. Não pare de correr. Não pare por ninguém. Só pare por você.                                    
 Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

segunda-feira, 9 de maio de 2011


 
        - as garotas aprendem muito enquanto crescem, se um cara esmurra você, ele gosta de você. Nunca tente cortar a sua própria franja. E algum dia você vai conhecer um homem maravilhoso e ter o seu próprio final feliz. Todos os filmes que vemos e todas as história que ouvimos nos imploram para esperarmos por ele. A virada no terceiro ato, a inesperada declaração de amor, a excessão à regra. Mas as vezes estamos tão concentradas em achar nosso final feliz que não aprendemos a ler os sinais, como distinguir entre os que nos querem e os que não nos querem, distinguir entre os que vão ficar e os que vão partir. E talvez esse final não inclua um cara maravilhoso, talvez dependa de você. Talvez esteja por sua conta, juntando os pedaços e recomeçando, se libertando pra achar alguma coisa melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente.
        

           Eu acho que o verdadeiro cego é aquele que consegue ver, porque ele é bobo e julga pela aparência, agora, o cego que não vê cara consegue te conhecer de verdade, você pode ser feio, gordinho, alto, baixo, cheio de espinhas, dentes tortos, o que seja, ele vai te conhecer por dentro. *




     -   Os amigos nos trazem o conforto e a segurança para podermos sorrir, amar e cantar as alegrias da vida.